sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Viagem Pessoal

1)

Não interessa o que eles foram
Nem tão pouco o que és.
Portugal é saudade,
Emoção e rigidez.

À teimosia, ignorância
e prepotência
É-lhes dado o espaço para
conquistarem a sociedade.

Ao sentimento, amor
e à liberdade,
é-lhes reservado o papel
de ingratidão, para ripostarem.

Sociedade nossa,
dividida em duas,
e cada vez mais,
bipolarizada.

E o diálogo,
entendimentos,
os sorrisos,
o comprometimento?



2)

Quando nascemos
de nós, nada sabemos.
E quando crescemos
assim nos mantemos.

As noites, as manhãs
e os dias vão-nos moldando
ao nosso próprio corpo,
e assim aprendemos.

Semblante que ganhas
o tom das mesmas palavras
que proferes
e dos olhares que diriges.

Íris que adquires
as tonalidades
de todas as
quatro estações

A sociedade consegue
ser fria,
má juíza e
vingativa.



3)

E na verdade,
não se quer
estar cá para
assistir a isso.

As tempestades por vezes
vêm direito a nós
e pouco ou nada
podemos fazer.

Pouco mais resta
do que escrever.
O sentir, as emoções,
e a comoção.

Ser livre de pensar,
espalhar
e gritar ao mundo
que somos livres de ser livres.



4)

Mas nem tudo é mau.
O que está meio bem
Também está meio mau.

Os meus pais são belos,
exemplares, humanos e irrepreensíveis.
Como lhes gabo as capacidades
Como os admiro, repleto de amor.

Todos vimos de lá.
De uma família, um berço,
do amor criacional
que nos nutre de bem-estar e auto-estima.

Todos vimos de lá,
desse amor
incondicional
que nos mantém vivos.

Todos vimos de lá,
e no final de contas,
não somos mais do que poeira
oriunda das estrelas.