sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Qual é a diferença entre mim e um grego?

Crónica publicada no Jornal Dínamo 04 de Fevereiro de 2015
www.jornaldinamo.com/wp/qual-a-diferenca-entre-mim-e-um-grego


No ensino obrigatório, os gregos estudaram a República de Platão, os Tratados de Geometria de Euclides, os pensamentos de Sócrates, o original, e estudaram a organização democrática da sociedade assim como os pilares do pensamento e das sociedades modernas.

Em Portugal, no ensino obrigatório, eu estudei e com muita fruição, “Os Lusíadas” de Luís Vaz de Camões, “Os Maias” de Eça de Queiroz e o “Viagens na Minha Terra” de Almeida Garret, entre outros mais.

Agora tirem-se as conclusões.
Somos diferentes? Somos. Sem dúvida.

Os Gregos têm muito mais cultura democrática, republicana e filosófica do que nós? Sim. Sem sombra para dúvidas.

Os Portugueses vêem as oportunidades passarem-lhes ao lado, porque não exercem com inteligência, racionalismo e convicção o seu direito de decidir os destinos da nação ao votar de quatro em quatro anos?
Sim, é verdade.

Foto de George Rex
Creative Commons























A massa maioritária do eleitorado português é masoquista e gosta de votar, sem qualquer racionalismo e sem questionar, sempre nos mesmos que ao longo das décadas não têm defendido com veemência e democracia os interesses do povo de Portugal?
Sim, a massa lusitana é masoquista e gosta de fazer os mesmos erros várias vezes. Muitos dos votos são mesmo escolhidos com base no clubismo, assim como um benfiquista é inquestionavelmente desse clube até morrer.

O eleitorado grego foi racional, e decidiu desta vez, por exclusão de partes. Tal como no concurso “Quem Quer Ser Milionário”. Ora vejamos como terá pensado um/uma grego/a nas vésperas das eleições:

A hipótese A “PASOK”, nem pensar, dessa tenho a certeza que não. E o resultado ficou à vista: 4% dos votos. Passou de uma maioria a 4% em menos de 5 anos.

A hipótese B “Nova Democracia” já lá esteve também, só piorou a situação social, mais pessoas emigraram do país, mais desemprego jovem, e pior do que isso, continuou a não defender os interesses da Grécia na UE, sempre adoptando uma política de servilismo burro, incondicional e que não questiona ou renegoceia nada.

A hipótese C “Syriza” é a que sobra. Até que tem gente credível. No programa deles, têm propostas razoáveis, dizem que nos vão defender. E nós vimos no Parlamento Europeu que eles nos defendem mesmo. Então vamos votar neles!

Então, minhas amigas e meus amigos portugueses e portuguesas,
do que é que estamos à espera? A resolução de ano novo para 2015 é começar já a preparar o voto para o próximo Setembro/Outubro. Só estamos à espera que senhor Aníbal comunique a data do sufrágio. E desta vez, vamos com racionalismo. Não vamos cometer o mesmo erro duas vezes!


Crónica publicada no Jornal Dínamo 04 de Fevereiro de 2015
www.jornaldinamo.com/wp/qual-a-diferenca-entre-mim-e-um-grego